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Quem não gosta de samba, bom sujeito não é

  • Fernanda Barreto
  • Nov 27, 2023
  • 3 min read

Deixe de lado esse baixo astral

Erga a cabeça, enfrente o mal

Que agindo assim será vital

Para o seu coração



Esse texto tem trilha sonora. Na semana em que se celebra o Dia Nacional do Samba (2 de dezembro), quis declarar meu amor pelo ritmo, movimento musical e manifestação cultural que o samba é!


Nascida em 18 de fevereiro, perco as contas de quantos aniversários comemorei no Carnaval, especialmente na infância, quando bailinho era o tema mais frequente. Quando soube que minha mãe era fã de samba com direito à fita VHS com a gravação do seu desfile na Portela, algumas peças se encaixaram nesse quebra-cabeça. Apesar de o samba não ser um estilo tão ouvido na minha casa quando pequena, tem um fato relevante na minha infância a ser destacado. Uma amizade dos tempos de colégio com a filha da Beth Carvalho – saudosa e maravilhosa – me apresentou, ainda sem entender direito o que aquilo queria dizer, às rodas de samba. Eu lembro de uma em especial que foi na praia, na areia mesmo. Eu demorei para voltar para casa – celular não existia, pessoal, não se esqueçam – e minha mãe ficou apavorada. Pode-se dizer que minha mãe não curtia muito essa programação, que ela achava inadequada para a minha idade, mas que era absolutamente normal para família da Beth.


Na adolescência, as férias no Rancho Santo Mônica – tradicional colônia de férias do Rio de Janeiro – me apresentaram um universo amplo de ritmos musicais, em especial o funk, o dance (acho que era assim que a gente chamava) e a MPB, incluindo o samba.


Mas foi mesmo na vida adulta que essa admiração desabrochou. Desfiles na Marquês de Sapucaí, feijoadas na quadra da Portela by Tia Surica e babando por Monarco e cia, ensaios na quadra da Mangueira, blocos intermináveis no Carnaval carioca e a farra entre amigos. Estou longe de ser uma conhecedora raiz, mas também não me chame de fã Nutella para não ofender. Na companhia dos amigos certos, ao som do samba, eu me sinto em casa.


Foi assim que me senti recentemente durante uma comemoração de aniversário de amigos queridos ao som de... samba! Sabe aquela sensação de pertencimento, de ser de verdade? Eu me senti assim naquele dia e agradeço aos bons encontros da vida e às boas canções por fazerem meu coração e minha alma muito felizes. Emoção que também experimentei vendo o quadro “Música Preta Brasileira”, do Fantástico. Ao lado do funk, do hip hop e do axé, o samba foi saudado como porta-bandeira de um povo, de uma cultura.


E quando mergulho um pouco mais na história do samba – além da beleza das suas letras, do ritmo que não deixa a gente ficar parado, da potência da sua ancestralidade, das figuras emblemáticas que devemos reverenciar – a admiração só cresce. Foi como fiquei após visitar a exposição “Pequenas Áfricas – o Rio que o samba inventou”, em cartaz no Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Mergulho na História que começa a partir da região carioca conhecida como “Pequena África” (nomeada pelo pintor Heitor dos Prazeres), palco de um fenômeno decisivo para a cultura brasileira no século XX, a invenção do samba urbano. A partir da revitalização urbana que arrasou com a região, ocorre a migração para a região delimitada pelo Cais do Valongo e pelo Estácio, fronteira do Centro com os subúrbios. E ali se estabelece uma fonte frutífera do gênero, que ganharia o mundo com o lançamento de “Pelo telefone”, em 1917. Daquele momento em diante, consolida-se a percepção de que quintais e terreiros fazem parte da identidade cultural brasileira e surgem personagens, blocos, escolas, movimentos e muito mais.


Conhecer a nossa própria História para aplaudir, reverenciar e respeitar. Salve o samba!

 
 
 

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Quem eu sou

Meu nome é Fernanda e sou jornalista, aquariana, carioca e mãe de dois filhos. Adoro conversar, trocar ideias e viajar. Acima de tudo, busco cada vez mais sentir-me inteira. É por isso que criei o Blog Carta Aberta, um espaço para compartilhar minhas reflexões, histórias e experiências. Acredito que a escrita tem o poder de nos conectar, nos curar e transformar. Espero que você encontre aqui um lugar para se inspirar, refletir e se sentir acompanhado em sua jornada. Seja bem-vindo!

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