Bingo da Boa Mãe (aka: estou de volta!)
- Fernanda Barreto
- Apr 4, 2024
- 2 min read
Depois de um longo e tenebroso inverno – mais conhecido como férias escolares + inferno astral + Carnaval + todos os outros motivos que a gente arranja para se autoboicotar – estou de volta. Quando eu coloquei esse blog no ar, talvez esse fosse um dos meus grandes medos: o silêncio. Comecei já preocupada se iria dar conta de ter frequência, de não sumir, de ter pauta e assunto para render toda semana. E as vezes parece que se uma pequena engrenagem sai fora do lugar, fica mais fácil você largar a mão de vez do que encarar o problema e tentar minimizar os danos.
Autoflagelos à parte e deixa esse papo para terapia, o que importa é que consegui voltar! E, em teoria, não poderia ter semana pior para eleger essa volta. Com duas crianças doentes em casa, a rotina vira uma piada, um papel de bala amassado e jogado no lixo. “Ai, rotina, logo nós duas que somos amigas tão íntimas”. Acho que não tem nada que desorganize mais a vida do que saúde, ainda mais se você tem filhos. Se você é controlador(a) como eu, meu amigo, aí o buraco é mais embaixo. Porque simplesmente por mais que você faça tudo que está ao seu alcance, tem certas situações que só no resta esperar, torcer e rezar.
A tensão é grande e você já não sabe mais onde começa a preocupação real e o exagero. A potencialização de qualquer situação. E a desorganização emocional compete cabeça a cabeça com a desorganização prática da vida da gente. Eu vou dormir pensando “o que eu poderia ter feito diferente?”. Sim, eu sei que não é sobre mim. Eu sei que não está na minha mão. Racionalmente, o raciocínio está redondo. Mas quem convence o meu coração?
O nível de autocobrança bate recordes. E eu fico longe de completar a minha cartela no Bingo da Boa Mãe. Seja lá quem foi o sacana que inventou esse jogo, não teve empatia pela pobre mãe. Pelas mães controladores, então, o respeito passou longe. Em uma estranha ilusão de que existe maternidade ideal, situações fora do controle com filhos em casa parecem que são ferros quentes de marcação de gado escrevendo “incompetente” nas nossas cabeças.
E quem será o responsável por esse jogo injusto? A característica humana, inerente, de crer que a grama do outro é mais verde do que a nossa? O excesso de conteúdo de especialistas espalhados pela internet que fazem você mudar de ideia a cada 5 minutos se a medida adotada está certa ou não? O peso ancestral de que a mulher é a principal responsável por todo e qualquer acontecimento da vida da família? Ou todas as alternativas acima?
A real é que fica difícil nós, mulheres e mães, retirarmos a mochila da autocobrança principalmente nas situações mais adversas em casa. Claro que há quem seja mais pragmático e prático nesse tipo de momento. Mas estou aqui me dirigindo às mais “intensas”. Tem que haver espaço para respirar, acolher aquela dor, tentar separar um pouco as emoções e confiar em si mesma. Bem longe de ser fácil, mas a consciência é sempre o primeiro passo.
E você, costuma jogar esse jogo por aí também?
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