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Uma cidade, uma paixão

  • Fernanda Barreto
  • Sep 18, 2023
  • 3 min read

O título é uma homenagem (para não dizer uma cópia, rs) ao artigo da Ruth de Aquino publicado recentemente no jornal O Globo, onde ela fala um pouco sobre sua relação com Londres. Ela conta um pouco sobre aventuras, descobertas, perrengues, amores e muita vida vivida intensamente. E encerra: “Do outro lado do espelho, a gente se enxerga pelo avesso. Voar é preciso. Viver também é preciso”.


A minha paixão no mundo é Paris. Essa história começa antes mesmo de conhecer a cidade. Minha avó Suzanne nasceu no Norte da França, na pequena cidade de Ferrière-la-Grande. Já no Brasil, conheceu meu avô e teve três filhos, tendo Liliane como caçula. Nascida em um lar de origens europeias, minha mãe cresceu imersa na língua e na cultura. A morte precoce de seus pais apresentou uma nova personagem, Juliette, sua madrinha, também francesa. Foi na companhia dela que minha mãe esteve em Paris na juventude, quando o dinheiro permitia. No início da vida adulta, Liliane juntou a grana que tinha e que não tinha para fazer uma viagem de navio à Europa, em um tour organizado por uma turma de alunos recém-formados de Engenharia da PUC. Entre eles, Alvaro. Foi em alto mar e em terras europeias que ela e meu pai se apaixonaram e nunca mais se separaram.


Essa linda história de amor é o começo da minha história. Graças ao trabalho do meu pai e as condições financeiras da casa, eu pude conhecer a Europa ao lado deles e dos meus dois irmãos, há cerca de 30 anos. Foi uma espécie de “viagem de apresentação”, daquelas que a gente conhece várias cidades em poucos dias. E lembro que Paris ficou para o final. E tem aquela máxima que guardamos o melhor para o final, certo? Comigo foi assim. Eu pude me encantar por muitos lugares ao longo da viagem, mas Paris, olha, Paris mexeu comigo. Os detalhes da arquitetura, as cores, os registros da História com H maiúsculo, as pessoas, os barulhos, os sabores... um caldeirão de emoções e paixões à primeira vista. Lembro-me das tardes no carrossel, da primeira ida ao Musée du Louvre, do jantar do meu aniversário celebrado na cidade no restaurante Hippopotamus, que existe até hoje.


Paris virou palco da minha vida, acompanhando momentos marcantes e transformações pessoais. Ao lado da minha família de origem, eu aprendi a amar a cidade. Em um primeiro momento, conheci Paris a partir do olhar da minha mãe e do meu pai. Eles me apresentaram a sua Paris para que eu construísse a minha. O bistrô francês de bairro que eles viraram habitués e onde aprendi a amar magret de canard no ponto certo. A loja de revistas e papelaria que minha mãe arranjava uma desculpa para entrar quase que diariamente e sair carregando alguma coisa. O relojoeiro preferido do meu pai, sempre muito exigente, onde ele se sentia orgulhoso em exibir o seu francês às custas de muitas aulas e esporros da minha mãe. Com eles, eu aprendi a amar o 6ème arrondissement. Colecionamos momentos inesquecíveis e alguns terríveis como uma virada de ano dentro de um quarto de hotel com eles brigando e eu me perguntando o que fiz para merecer. E qual é a graça da vida se não vivida intensamente nas suas dores e amores?


E por falar em amor, ao longo dos anos fui montando a minha lista de queridinhos da cidade. A Torre é o meu monumento turístico favorito, aquele que não canso de admirar e fotografar mesmo que eu já tenha registrado um milhão de vezes. O Musée Rodin é provavelmente o meu escolhido entre tantas opções sensacionais que Paris oferece. Para mim, ele tem a combinação do tamanho ideal, a experiência de estar na casa onde o artista trabalhou durante anos, uma seleção de obras sensacional e um jardim que permite um casamento harmonioso entre Arte e Natureza. O restaurante não serei capaz de escolher um só, mas posso dizer que não consigo sair de Paris sem comer macarron, crepe de rua, terrine de foie gras, escargots, morangos Mara des bois e crème brulée com muita fava de baunilha.


A sensação de andar pela rua sem olhar o mapa. De entrar no mercado e reconhecer as marcas. De sentar-se em um restaurante e não precisar olhar o cardápio. São os pequenos momentos da vida. É como se sentir em casa. E como em um casamento que deu certo, a chama da paixão só cresce. A cidade virou a minha referência no mundo e aonde eu quero voltar sempre. Mas você não cansa? Não canso! Tem tanta coisa ainda a ser descoberta, tantos cantos a serem visitados, tantos sabores a serem provados.


Paris faz parte do meu passado, do meu presente e do meu futuro. E você, também tem uma cidade para chamar de sua? Conta mais aqui nos comentários e quem sabe você não será responsável pela próxima paixão à primeira vista de outra pessoa?



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1 則留言


barbara_lyra
2023年9月19日

Como amo ler você, tão autêntica em tudo que faz! E que sorte a minha ter tido essa amiga guia em Paris! Primeiro ao vivo e depois no guia personalizado com as melhores dicas e o maior amor!

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Quem eu sou

Meu nome é Fernanda e sou jornalista, aquariana, carioca e mãe de dois filhos. Adoro conversar, trocar ideias e viajar. Acima de tudo, busco cada vez mais sentir-me inteira. É por isso que criei o Blog Carta Aberta, um espaço para compartilhar minhas reflexões, histórias e experiências. Acredito que a escrita tem o poder de nos conectar, nos curar e transformar. Espero que você encontre aqui um lugar para se inspirar, refletir e se sentir acompanhado em sua jornada. Seja bem-vindo!

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